Um homem que se identificava como Anderson e que fingia ser médico oftalmologista foi preso no distrito de Luzimangues, em Porto Nacional, após ser denunciado por moradores. O suspeito, Walison Rodrigues de Sousa, de 32 anos, contava com a ajuda de dois auxiliares que não tiveram a identidade revelada pela polícia. Segundo a Polícia Militar, em apenas duas horas o trio chegou a consultar 37 moradores e, destes, 34 teriam que usar óculos. Entre os pacientes está uma menina que ficou com problema nos olhos.
As consultas eram feitas em um bar na Vila Móia. A dona do estabelecimento conta como foi a abordagem dos criminosos. "No dia 27 de fevereiro, uma mulher chegou aqui [no bar] e me pediu para colar um cartaz de um exame de vista no meu estabelecimento. Aí eu perguntei quem era o médico e ela me disse que era da associação. Não me contou de qual associação. Ela disse que [a consulta] era no domingo, dia 1º. Eu fui com minha filha e não desconfiei de nada", alega a mulher, que preferiu não revelar a identidade dela.



A vítima explica que as consultas eram rápidas e que duravam até um minuto. "Era o prazo de sentar e levantar. Desconfiei um pouco porque não teve medição da pressão do olho, nem dilatação da pupila. O casal tinha uma mesa lá cheia de óculos e falava para a gente escolher [o modelo]. Eu escolhi e falei que ela podia trazer os óculos amanhã mesmo", conta.

A dona do bar disse que no outro dia, na segunda-feira (2), a auxiliar do falso médico chegou com os óculos. Ela afirma que levou um susto quando viu que a 'receita' não tinha o número do registro do médico. "Não tinha CRM, nem o nome do médico, nem nome de ninguém e o grau do óculos da minha filha veio muito alto", explica.

De acordo com a PM, o suspeito não cobrava pelas consultas, apenas pelos óculos, cujo pagamento poderia ser divido em até três vezes. A primeira parcela devia ser quitada no ato da consulta. Walison foi preso em flagrante na última sexta-feira (6), quando estava voltando ao distrito para receber dos 'pacientes' a segunda parcela do pagamento dos óculos. "Com ele tinha bastante material. Até ficha de pacientes", conta o cabo da PM Orleis Rosa.

O militar participou da prisão do suspeito. "A única coisa que eles alegaram é que um deles tem curso técnico para trabalhar em ótica, mas de médico mesmo não [tem]. Outra coisa que informaram é que um deles tem uma ótica em Guaraí e que era ele quem assinava [as receitas dos óculos]", explicou o policial.

A dona do bar disse que a filha dela começou a ter problemas na visão por causa dos óculos receitados pelo falso oftalmologista. A menina não estaria sequer conseguindo ir para a escola por causa do problema. A mulher alega que agora a filha já está consultando com uma médica de verdade para tentar resolver a situação.

Além da menina, que teve a visão prejudicada, quem comprou os óculos do falso médico também teve outros prejuízos, porque comprou e pagou por um objeto sem ter necessidade de usá-lo. Com isso, a PM faz um alerta para a população evitar cair nesse tipo de golpe. "O oftalmologista precisa ter um consultório, um aparato tecnológico [para as consultas]. Se desconfiar de algo, pode entrar em contato com a Polícia Militar e fazer a denúncia", observa o tenente Gleidson Carvalho.

Os suspeitos foram presos em flagrante e levados para a delegacia de plantão, onde foram ouvidos e autuados por estelionato. Segundo a PM, Walison também deve responder por exercício ilegal da medicina.
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