O luto ainda é a solução para vivenciar a dor da perda. Um dos grandes problemas da perda é a moda estúpida que se criou de se mostrar força nos momentos de fragilidade. O pior de tudo é que sempre aparece um Mané para aconselhar o indivíduo enlutado a ser forte, a não chorar, a ignorar sua dor. A intenção é até louvável, de consolar o amigo ou conhecido, mas totalmente descabida. Essa situação é frequentemente observada nos velórios e funerais. Na falta de ter o que dizer, os amigos e conhecidos se arvoram em aconselhar para o sobrevivente, que é preciso ser forte, que não pode chorar, e outras sandices.

Entre todas as ações equivocadas do ser humano, a de se acreditar perfeito é a pior de todas, principalmente se aliada ao complexo de super-herói. Aliás, a perfeição da vida está exatamente na imperfeição deste planeta que é uma escola riquíssima onde se aprende a como viver e ser feliz. Nada é tão chato quanto conviver com a perfeição artificial. Ela é construída com base nas máscaras que criamos na tentativa de apresentar o nosso melhor em sociedade. Em função disso, quanto mais forte parecermos, melhor. E nessa brincadeira macabra da perfeição artificial, passamos por cima das perdas, não aprendemos a lidar com elas e sofremos imensamente de forma intensa, contínua e totalmente desnecessária.

Penso que viver a dor seja um processo necessário, caso contrário, ela não existiria. O que a grande maioria ignora, por conta das aparências, é que ela ocorre independente da nossa vontade e nos persegue até o momento em que decidimos aceitar sua existência e senti-la. Nossos sentimentos são assim. Perseguem-nos até que os demos a devida atenção. Claro que os positivos são bem vividos e difundidos aos quatro cantos, atraindo até inveja. Mas o não viver a dor da perda pode tirar da gente até mesmo a alegria de uma conquista.
Muita paz e alegria a todos!

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