SÃO PAULO — O empresário Jonas Suassuna, um dos donos do sítio Santa Bárbara frequentado pelo ex-presidente Lula, em Atibaia, colocou, nesta segunda-feira, à disposição da Lava-Jato os seus sigilos fiscais, bancários e telefônicos. Suassuna é um dos investigados no novo inquérito que a Polícia Federal abriu para apurar se empreiteiras relação do sítio com a empreiteira OAS e outras empresas investigadas na Operação. Além dos sigilos, Suassuna pediu para ser interrogado ainda nesta semana.

— Meu cliente colocou, hoje (segunda-feira), todos os seus sigilos à disposição das autoridades e vamos pedir para que ele preste depoimento ainda esta semana — afirmou o criminalista Ary Bergher, que defende Suassuna.

O depoimento de Suassuna à PF ainda não tem data definida, mas Bergher afirma que vai pedir para que seu cliente fala ainda nesta semana. O empresário é sócio do filho do ex-presidente, Fábio Luís Lula da Silva - o Lulinha - na empresa BR4 Participações. Além de emprestar o sítio Santa Bárbara para a família Lula, Suassuna também já pagou o aluguel do apartamento de Lulinha nos Jardins.

Os investigadores da Lava-Jato suspeitam que empreiteiras acusadas de corrupção no esquema da Petrobras pagaram reformas no sítio com dinheiro desviado da estatal. Segundo a força-tarefa, a OAS pagou pelas cozinhas planejadas instaladas pela empresa Kitchens no sítio de Atibaia e no tríplex do edifício Solaris, no Guarujá (SP), que pertenceu a Lula.

O pagamento foi feito em dinheiro pelo ex-executivo da OAS Paulo Gordilho em março de 2014. A nota fiscal foi emitida em nome de Fernando Bittar, sócio do sítio ao lado de Jonas Suassuna. Além da cozinha, que custou R$ 28 mil, foram entregues no sítio um refrigerador de R$ 9,7 mil, uma lava-louças de R$ 9,1 mil, um forno elétrico de R$ 10,1 mil e uma bancada de R$ 43 mil. No total, a OAS desembolsou R$ 130 mil.
Além da cozinha paga pela OAS, a Lava-Jato investiga se a construtora Odebrecht fez reformas no sítio, como contou a dona de uma loja de material de construção. Foram incorporadas quatro suítes à propriedade; a reforma teria contado ainda com a ajuda do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula e preso na Lava-Jato. Outro suspeito de fazer obras na propriedade é o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente, preso desde novembro em Curitiba.

Um representante da empresa Fernandes dos Anjos & Porto Montagens de Estruturas Metálicas, que participou das obras na propriedade de Atibaia, admitiu ter recebido R$ 40 mil de Bumlai em dinheiro. A mesma empresa prestou serviços ao pecuarista, pelos quais recebeu um total de R$ 550 mil, segundo documentos apreendidas pela Polícia Federal.

Em nota, o Instituto Lula vem afirmando que, desde 2011, o ex-presidente frequenta “um sítio de propriedade de amigos da família” e que “a tentativa de associá-lo a supostos atos ilícitos tem o objetivo mal disfarçado de macular a imagem do ex-presidente”.
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