Dez mil funcionários da fábrica da Mercedes-Benz de São Bernardo do Campo, em São Paulo, entraram em licença remunerada por tempo indeterminado. Foi um novo choque no setor de comércio e serviços da região, que vem enfrentando os reflexos da crise automobilística.
Uma gigante...vazia. A unidade da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo fechou as portas nesta segunda-feira (15) e mandou os funcionários para casa. Desde fevereiro, 1.400 já estavam em licença remunerada, agora são todos os 10.000 - e por tempo em indeterminado.
E o desemprego é uma espada na cabeça dos funcionários. Até o fim de agosto, a Mercedes não pode demitir ninguém, porque aderiu ao programa de proteção ao emprego do governo. E o que acontece numa montadora como essa, do ABC acaba se alastrando por toda a região. O sindicato dos metalúrlurgicos do ABC, quase nove mil postos de trabalho na Indústria Metalúrgica foram fechados nos seis primeiros meses deste ano, 4,6  mil só no setor automotivo.
Na principal rua de comércio de São Bernardo do Campo, muita gente passa mas pouca gente entra e compra. "Fica todo mundo com uma incerteza, ninguém sabe o que vai acontecer. Além da própria demissão, quando vai ser o próximo? Quem vai ser o próximo? O comércio do ABC a gente sente que caiu bastante", afirma o supervisor de vendas Lailson Santos de Araújo.
O movimento de uma loja de alianças da mesma rua caiu mais de 20%. A vendedora já garantiu a dela, mas o noivo, metalúrgico, acaba de perder o emprego.S"Ele está procurando em outras áreas também, poque nessa área que ele estava o desemprego está muito grande", conta a vendor Jessica de Melo.
A Mercedes-Benz diz que, atualmente, está com mais de dois mil funcionários excedentes, por causa da queda na produção de caminhões e ônibus.E em Taubaté, São Paulo, quatro mil funcionários da Volkswagen entraram em férias coletivas. A maioria deve ficar em casa até o dia 5 de setembro. O motivo é a falta de peças para a produção de carros. Na semana passada, a Volks cancelou o contrato com o grupo que fornecia as peças. Segundo a montadora, cerca de 100 mil carros já deixaram de ser fabricados nos últimos quatro meses. Este ano, a produção de veículos no Brasil caiu mais de 20% na comparação com o mesmo período do ano passado.

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